quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Chuva em Floripa, sol no coração

Na mala, só levei sandália havaiana, short, camiseta, maiô e boné. Também coloquei um par de raquetes de frescobol e um frasco de filtro solar. Mas São Pedro tinha outros planos e se esqueceu de me avisar. Este fim de semana choveu em Floripa.

E eu, cá comigo: "São Pedro que me perdoe, mas não vou lhe acender vela, nem fazer promessa alguma. Com chuva ou sem chuva, esse fim de semana vai ser bom demais!"

E foi, mesmo. Quando se está ao lado de bons amigos, não existe tempo ruim. Não deu para ir à praia, é verdade. Mas nossa turma aproveitou para colocar as conversas em dia, relembrar velhas histórias, fazer troça uns dos outros e saborear quitutes locais sem pensar na balança.

E tome chuva.

Nos momentos de quietude, terminei de ler um livro e logo comecei um novo. À noite ia dormir com o barulho das ondas.

Mais chuva.

No final do último dia, um fato surpreendente fechou meu fim de semana como um raio de sol.   Ao terminar uma boa sessão de massagem no hotel onde estava hospedada, comentei agradecida com a massagista que aquela hora havia passado rápido demais para mim.  A moça apenas sorriu, educada. Continuei:

- Muito provavelmente a pessoa que dá a massagem, como você, não deve achar que esta hora da sessão passe tão rápido assim...

A massagista contestou, com firmeza:

- Não, para mim essa hora também passou muito rápido.

E acrescentou, sem mais nem menos:

- Eu fiz esta massagem em você rezando.

- Como assim... rezando?!

A revelação me pareceu tão estapafúrdia, que não conseguia lhe dizer mais nada. Com delicadeza, ela me explicou:

- É que meu irmão está muito doente, internado em um hospital de Porto Alegre. Os médicos dizem que ele tem poucas chances de sobreviver. Como estou longe, tudo o que posso fazer é rezar por ele, transmitindo-lhe boas energias. Foi o que eu fiz durante a sua massagem e, por isso, nem senti o tempo passar.

Disse essas palavras com simplicidade, sem drama algum.

Como se fôssemos amigas de longa data, nos abraçamos afetuosamente. A moça me agradeceu a massagem do coração e eu elogiei a que ela havia acabado de me dar. Em seguida nos despedimos, confortadas mutuamente.

E dali cada qual foi para o seu lado, debaixo da chuva fina de Floripa.





12 comentários:

Paulo Ricardo disse...

Um lindo texto que mostra, como em tempos difíceis - tempos de chuva sem parar - longe das pessoas que amamos, ainda somos capazes de brilhar, fazer o bem ao próximo e assim massagear o nosso coração. Valeu, Mônica, por essa corrente de pensamentos positivos, que se iniciando numa sessão de massagem, se expande no texto
em favor do irmão da massagista.

Inês disse...

Muito significativo todo o seu relato.
Criamos expectativas...e elas a princípio foram frustradas.
Mas a criatividade do ser humano é bárbara, superando essas frustações e logo criando novos momentos de prazer.
E, de repente, um momento que seria só de relaxamento, transformou-se em um momento mágico e de muita emoção.

monica disse...

Querida Monica, que bom saber que apesar da chuva, tivestes um feriadão bem aproveitado...Hoje Santa Catarina alem das praias belíssimas oferece uma gastronomia de excelência...e na companhia de amigos e um bom livro, é sempre muito renovador independente do clima.
bjs.

Andrea Q disse...

Mônica,amiga querida, como sempre seu texto traz novidade. O que fazer num fim de semana de praia com chuva? O que fica são as experiências que nos aproximam uns dos outros. Lindo, mesmo...

Teruko disse...

Monipin querida!!! Seus textos são lindos porque são escritos com o coração... e trazem tanta energia positiva, que nos dão alegria ao ler!!! Grande abraço, com muita amizade e admiração!!!

Sandra disse...

É isso aí, gente: o que às vêzes nos parece ser um motivo de uma enorme chateação é um nada para o outro.

Mariana disse...

Já me dei mal nessa de viajar sem ver o tempo antes, coisa que faço todos os dias antes de sair de casa pra trabalhar ou fazer um passeio.

Tarlei disse...

Monica,
Costumo dizer que nas dobras do ordinário pode estar o extraordinário. Seu texto revela isso. Muito lindo. Não é preciso fazer barulho para dizer o essencial.

Lúcia Leão disse...

Monica, eu, indevida, fui esperando algo 'turístico' ao ler o título no email para o seu blog, esquecendo-me que seus passeios vão além das franjas dessa geografia básica. Gostei da economia do texto, indo ao essencial. Um beijo, saudades, Lúcia

Anônimo disse...

Oi Monica! Você e minha cronista de viagem favorita. Estamos com saudade. Precisamos nos encontrar por aí nem que seja debaixo de chuva. Que tal Janeiro?Um beijo.Climene

Anônimo disse...

Monica, muitas vezes enquanto estou fazendo esteira na academia, também aproveito para rezar. Benefícios para o corpo e alma. Beijo da Carmo.

anamar disse...

MÓNICA,
só hoje comentei seu texto, que gentilmente me enviou via mail, mas não estava esquecida.
Belas aa suas palavras como o seu sorriso e a amostragem como as coisa simples da vida nos faze felizes.
Bom Natal e um ano de 2012com saude e a possibilidade de concretizar o que sonha.

Beijo amigo
Ana