terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sessenta anos, menos um dia

Hoje é um dia muito especial para mim. Falta um dia para eu completar sessenta anos. Querendo ou não, amanhã vou ingressar na turma da terceira idade.

Já sei o que meus amigos vão me dizer: que entro em grande estilo naquela fase maravilhosa da vida em que a gente passa a pagar meia entrada no cinema. Os mais amáveis insistem em me dizer que nem pareço a idade que tenho. Já ouvi três vezes a expressão "sexygenária", esse termo surreal, ao mesmo tempo delicado e grosseiro. Agradeço penhorada, apesar de tudo. Amigos são mesmo para estes momentos em que precisamos elevar a autoestima, ainda bem que os tenho.

Amigos queridos, vamos combinar:  sessenta anos é um marco poderoso. Nenhum elogio bem intencionado será capaz de amenizar este fato, sólido e concreto como um bloco de tijolo.

Será que alguém aí poderia me explicar como foi que isso me aconteceu, assim de repente? Para onde foram esses anos todos, enquanto eu tecia, ocupada e distraída, mil planos para o dia seguinte, para dali a alguns anos, para depois que os filhos crescessem, para depois que eu saísse de férias?

Acreditem: eu mal comecei a decifrar os mistérios da vida. Ainda não li nem metade dos livros que pretendia, não visitei todos os lugares que queria, não escrevi meu livro, não plantei árvores suficientes para salvar nosso planeta. Quanto mais o tempo passa, mais percebo que aprendi pouco demais.

Amanhã vou fazer sessenta anos e não tenho tempo a perder.

Já resolvi. Amanhã vou vestir uma roupa colorida, calçar um par de sandálias confortáveis e comemorar o grande dia dançando com amigos, até não me aguentar mais de pé!