quinta-feira, 4 de março de 2010

Viajando com Dehesa e Calvino


De tanto pensar no México ontem, hoje acordei com saudades da bem humorada coluna do jornalista e professor de litereatura Germán Dehesa, que eu costumava ler todas as manhãs no jornal mexicano La Reforma. Ele conseguia fazer com que meu dia começasse com algumas idéias para reflexão, acompanhadas muitas vezes de uma boa gargalhada. Fui ao Youtube e - que bom! - lá estava meu amigo Dehesa, um pouco mais velho e mais barrigudo, mas com o mesmo brilho nos olhos, falando da importância de se lerem livros. "No hay mejor recreo que la lectura", diz ele, fazendo logo em seguida a ressalva, com uma piscadela: "El amor, talvez..." E acrescenta: "Así como los parques tienen bancas, la vida tiene libros."

Concordo plenamente. Quando a gente caminha por um parque, sem tempo para se sentar num banco e observar as coisas ao nosso redor, na verdade está desperdiçando uma boa chance de saborear o passeio. Da mesma forma, viver sem desacelerar o ritmo da rotina diária para se ler um livro é perder a chance de se alimentar interiormente.

Pois bem: hoje pude alimentar um pouco o meu espírito, que anda meio cansado e mal nutrido, com tanta informação fast-food consumida na Internet. Comecei a ler As Cidades Invisíveis, do Ítalo Calvino, tradução de Diogo Mainardi - um presente da minha amiga Claudinha. Neste livro, nada acontece, tudo se adivinha. É um relato de viagem que passa por diversas cidades da antiguidade, mas não nos leva a lugar nenhum.  Com palavras simples e um estilo enganadoramente singelo, acaba nos conduzindo a um mergulho  no fundo de nós mesmos.

Isso é que é viagem!

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